terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Karma e Reencarnação


Fundamentos Filosóficos do Karma e da Reencarnação

Karma é uma palavra sânscrita que significa ação, atividade ou trabalho, e se refere a uma lei natural assim como a lei da gravidade. Karma é a lei de causa e efeito cujo principio é: "A cada ação lhe corresponde uma reação que volta ao executante na mesma intensidade". Muito semelhante à lei do movimento de Newton. Na Bíblia também se fala da lei do Karma, ali está escrito como a Lei de Talião: "Olho por olho, dente por dente", ou "Com a mesma vara que medas serás medido", ou "o que semear colherás". O próprio Jesus falou: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti".
Os cientistas compreendem como esta lei física de ação e reação e aplicada a todos os objetos materiais, e que não podem existir ações ou acontecimentos sem  causas correspondentes, mas a maioria permanece inconsciente e ignora que esta lei também opera regendo e influenciando o campo sutil da consciência, controlando as ações e pensamentos de todas as pessoas.
Ou seja, é pela lei do karma que a jiva, ou entidade viva, desde tempo imemorial vem atuando neste mundo material, desfrutando ou sofrendo as reações de suas próprias ações, causando transmigração de um corpo material a outro. Assim como alguém veste roupas novas, abandonando as antigas, a alma aceita novos corpos materiais, abandonando os velhos e inúteis. e enquanto transmigra, padece ou desfruta dos resultados de suas atividades passadas, ou karma.
Por isso, karma também significa "cativeiro" já que prende a alma na roda contínua da transmigração, ou reencarnação, seja para receber bons efeitos ou para pagar maus atos do passado. Portanto até o chamado "bom karma", fruto de atividades piedosas, prende ao cativeiro material, o ciclo de repetidos nascimentos e mortes, chamado samsara. O conhecimento védico ensina, portanto, a transcender o samsara parando completamente com todo tipo de atividade karmática, seja boa o má.
A alma  cria seu próprio karma com seus desejos particulares de desfrutar deste mundo material de diferentes maneiras. De modo que, nem Krishna, nem a natureza material são responsáveis pelo karma da entidade vivente. A alma individual traça seu próprio destino, e segundo suas atividades, a natureza material (sob a supervisão de Deus), simplesmente conduz de um corpo a outro, para que satisfaça seus desejos. A liberação da grande cadeia do karma chega através do conhecimento transcendental: "Assim como o fogo abrasante transforma a lenha em cinzas. Ó Arjuna! do mesmo modo, o fogo do conhecimento reduz a cinzas todas as reações decorrentes de atividades materiais." (Bg. 4.37)
Este “fogo do conhecimento” é o despertar da consciência através do qual a jiva se inteira de sua posição constitucional como serva eterna do Supremo. Quando a pessoa se entrega a Krishna, transcende imediatamente todo o karma passado, presente e futuro.  O karma não pode ser anulado ao parar com todas as atividades.
Os Vedas retratam a alma como algo eterno e irrevogavelmente ativo, é verdadeiramente impossível para o ser corporificado abandonar todas as atividades. Não obstante, se diz que aquele que renuncia aos resultados da ação, é aquele que renunciou de verdade. Em outras palavras, é preciso aprender a arte de trabalhar sem incorrer em karma ou reação.
No Bhagavad-gita, o Senhor Krishna explica em detalhe esta arte de atuar sem reação, conhecida como Karma-Yoga. Ele explica que aquele que executa suas atividades como um sacrifício ao Senhor Supremo evita todo o karma ou cativeiro neste mundo material. Esta atividade de sacrifício tão refinada é chamada akarma, ou seja, ação sem reação. Nas escrituras se explica que a arte de Karma Yoga consiste em "servir ao Senhor dos sentidos utilizando nossos próprios sentidos". Isto significa ingressar no plano da dedicação. E para aprender é preciso ter um mestre espiritual genuíno que ensine como proceder. É dever do guru educar seus discípulos nesta arte de atuar sem incorrer em reação.

Olho por olho, dente por dente

Para anular à atividade pecaminosa, é preciso uma expiação proporcional a ela. Isto está prescrito nas escrituras. Se a pessoa executa uma expiação antes da morte, em sua seguinte vida se libertará da reação correspondente e assim poderá avançar mais rápido. Mas se não expia suas atividades pecaminosas, levará consigo suas respectivas reações e terá que sofrer de alguma maneira por não ter se purificado.
Segundo a lei, se um homem mata outro, ele mesmo tem que ser morto por ter matado alguém. A idéia de "olho por olho, dente por dente" não é um conceito muito novo, é encontrado no antigo Manu-samhita, o Código Védico de Leis para a Humanidade, escrito milhares de anos atrás. Neste código está escrito que quando um rei condena a morte um assassino, este de fato se beneficia, pois se não é morto, levará consigo a reação de seu assassinato e terá que sofrer de muitas maneiras.
As Leis da Natureza são muito sutis e são administradas muito diligentemente, embora as pessoas não as conheçam nem entendam delas. Na realidade não se deve matar nem sequer uma formiga sem se tornar responsável por isto.
Pois assim como o homem não pode criar ele não tem direito de matar a nenhuma criatura vivente. Portanto as leis feitas pelo homem, que distinguem entre matar um homem e matar um animal são imperfeitas. Segundo as leis de Deus, matar um animal é um fato tão punível quanto matar um ser humano.
Aqueles que fazem distinções entre estes dois fatos estão inventando suas próprias leis defeituosas. Até nos dez mandamentos está prescrito: "Não matarás". Essa é a lei perfeita, mas ao especular e fazer discriminações, o ser humano a desvirtua: "Não matarei ao homem, mas sim aos animais". Desta forma as pessoas se enganam, e assim infligem um sofrimento para si próprio e para os demais também.

A Ciência da Reencarnação

Desta maneira, o tipo de corpo que a pessoa recebe em sua próxima vida estará determinado tanto pelo tipo de consciência que se desenvolve nesta existência, como também pela infalível lei do karma. O desenvolvimento da consciência depende dos pensamentos, desejos e ações que forem cultivados no decorrer da vida que ficam como impressões na mente, e são eles que determinam os pensamento ou estado de consciência no momento de partir deste corpo. Desta forma, a natureza material proporcionará um novo corpo conforme estes pensamentos.
A classe de corpo de agora é resultado do estado de consciência que tivemos na hora da morte anterior. E logicamente que isto depende de nosso karma, ou atividades prévias que provocaram as reações conseqüentes, tal como uma semente plantada vai frutificando com o transcurso do tempo. Estas reações do karma são consideradas a poeira que cobre o espelho da consciência espiritual pura.
Assim, no momento da morte, os elementos mais refinados (a mente, a inteligência e o ego falso) criam a forma sutil do seguinte corpo grosseiro que ocupará a entidade vivente. Como a lagarta que se transporta de uma folha para outra, se apoiando na anterior antes de passar para a seguinte, a entidade vivente, por meio da mente a mente que manifesta seus pensamentos e desejos, inicia a preparação de um novo corpo antes de abandonar o atual. Em outras palavaras, este corpo sutil servirá de veículo para transportar a alma individual a outro corpo para que goze ou sofra segundo suas ações anteriores.
Tanto o nascimento quanto a morte são duas experiências de tortura para a alma espiritual. O nascimento é uma forma de tortura tal  que apaga qualquer lembrança que ter se conservado da vida anterior, e na hora da morte, a alma está tão habituada a viver dentro do corpo que é forçada abandoná-lo, de forma abrupta, pelas leis da natureza material. As escrituras védicas informam que só as almas auto-realizadas, conscientes de sua verdadeira identidade espiritual, são capazes de trilhar a morte sem angústias.
Mas para poder se liberar deste contínuo ciclo de nascimentos e mortes (quem nasce vai morrer, e quem morre vai nascer) chamado samsara, a lei do karma tem que ser realmente compreendida para poder transcender-la. Sabendo que nesta vida o seguinte corpo é preparado de acordo com os pensamentos e ações presentes, então, deve-se direcionar a mente e inteligência para compreender o conhecimento espiritual e assim obter um corpo mais elevado. Do contrário, ao enfocar a mente só na busca de prazer material dos sentidos um corpo mais baixo será recebido.
Enquanto a mente estiver impura, a consciência será escura, e assim absortos nas atividades de gozo material outro corpo material será ocupado. Este é um ciclo repetitivo que passa por 8.400.000 espécies de vida, às vezes como seres humanos, outras como animais, vegetais, etc. Estando num corpo animal é possível evoluir progressivamente até chegar ao corpo humano; mas se num corpo humano abusa-se da inteligência (por exemplo, cometendo violência aos animais, etc.), é preciso descer a corpos inferiores, como o dos animais.
Isto é considerado uma grande desvantagem, já que a capacidade de poder transcender na forma humana de vida é perdida, e assim novamente tem-se que passar por infinidade de variedade de espécies no emaranhado ciclo do samsara até poder chegar  ao corpo humano.
Todo este grande e complexo sistema que governa a Lei da Transmigração dos seres vivos e a Lei do Karma constitui a Ciência da Reencarnação. A arte de transcender este ciclo de cativeiro é desenvolvendo a consciência transcendental, pois o desenvolvimento desta consciência constitui a verdadeira Evolução do Ser. Por isso é preciso atuar sempre no plano da alma espiritual, que é o verdadeiro eu. E atuar neste plano se chama Bhakti-Yoga, o serviço amoroso a Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário